domingo, 2 de outubro de 2005

O que era o conhecimento para mim há alguns anos

O que é o conhecimento para mim? Tudo que somos, percebemos, intuímos, pensamos, sentimos, vivemos, converte-se em uma espécie de conhecimento para nós. Acredito, porém, que nem tudo o que conhecemos pode nos levar a coisas profundas e que ficarão para sempre conosco, de tal forma, que não poderíamos nos imaginar a continuar vivendo sem que essas coisas estivessem presentes. Admiro o pensamento de escritores que viveram seu estado imaginário por colocarem o conhecer num espaço enorme, aberto para o processo de criar. Conhecer é, para mim, 'viver' a possibilidade de imaginar de nosso pensar através da possibilidade de viver um conhecimento subjetivo singular_ e que não existiria caso não pudéssemos imaginar. Portanto, se “viver não é preciso [e] navegar é preciso” [Fernando Pessoa], eu sinto que viver não é preciso se, e somente se, imaginar não for um deixar-se levar, ir, voltar, um embalar-se no imaginário como as ondas do mar, ora suaves, calmas, em completa mansidão, ora fortes, em completo desassossego apenas seguindo a condição de possibilidade de sua própria natureza. Por que não aprendemos nada com as ondas do mar? O melhor espelho para o devir e para a conformação de nossa natureza, ora meiga, ora irônica, ora generosa, ora nefasta. Sejamos nefastos transparentes, o lado nobre do ser humano não está em ser bom ou não-bom, está na limpidez de suas atitudes, é preciso muita coragem para viver o lado mau de nossa natureza sem dissimulações. Se o mar se escondesse em seus estados de força e imprevisibilidade teríamos aprendido com a natureza. Mas, não. Onde está o espelho da dissimulação? Não pergunte aos filósofos, por favor, não pergunte a eles. Vá ao mar.
Anna karenina & a pergunta pela limpidez de atos "vistos"_ eles se diziam filósofos_ "é"?