sexta-feira, 26 de agosto de 2005

Metafísica Livro Alfa Aristóteles

Resumo do Livro Alfa § por § 1º § 980 A ‘Todos os homens, por natureza, desejam conhecer.’(...) preferimos ver a tudo mais.(...) a visão põe em evidência e nos leva a conhecer maior número de diferenças entre as coisas. Neste primeiro parágrafo, do Livro Alfa da Metafísica, Aristóteles coloca a busca do conhecimento como pré-disposição própria e natural do ser humano. Afirma após, que os sentidos são o primeiro passo dentro do processo de conhecimento (abstração) e que a visão, entre todos os sentidos, se converte na mais importante porque nos dá uma percepção direta e imediata das coisas. Percebe-se que Aristóteles inicia a Metafísica já estabelecendo uma hierarquia — a dos sentidos — um ‘pensar’ que irá permear todo o trabalho do estagirita, pois ele irá se preocupar com hierarquias, classificações, gêneros e espécies de coisas partindo do universal para o particular, fragmentando todo o conhecimento até então desenvolvido pelos seus antecessores, isto é, pelos Pré-Socráticos, Sócrates e Platão. 2º § 980 B ‘(...) a sensação gera a memória’, (...) e os que, além da memória, também possuem esse sentido da audição, podem ser ensinados.’ Aqui Aristóteles faz uma relação da memória e do sentido da audição, dizendo que ambas estas faculdades conduzem a via de se aprender e que aqueles que as possuem podem ser ensinados, pois estão mais aptos a aprender do que outros que são destituídos de tais faculdades. 3º § 980 B 25 e 981 A ‘(...) nos homens, a memória gera a experiência’(...)’ a arte surge quando, de muitas noções fornecidas pela experiência, se produz em nós um juízo universal a respeito de uma classe de objetos’(...) A ‘experiência concatenada’, isto é, a ligação entre os vários fatos, através da ação da memória (recordação) sobre uma mesma coisa (repetição) faz com que o homem abstraia um conceito universal, elevando a experiência à arte. O universal não é, portanto, direcionado para o individual, mas para tudo que compõem uma classe dentro das coisas que constituem o mundo e que partem do particular para o universal. 4º § 981 a A ação não é inferior à arte, mas visa o particular. A experiência produz mais êxito do que a teoria sem a experiência, pois esta última é mais útil para o particular do homem, enquanto que a teoria visa o universal e, assim, não o direto e imediato que o homem necessita para viver concretamente suas relações no mundo sensível. Apesar disso, ‘pensamos que o conhecimento e a compreensão pertencem antes à arte do que a experiência’, e consideramos ‘os teóricos mais sábios que os empíricos’, pela razão de que os primeiros conhecem as causas e os outros não, os empíricos sabem que determinada coisas é assim, mas não sabem o por quê e desempenham o ‘assim’ através do hábito. Os que estão aptos a ensinar são os teóricos, já que podem explicar o por quê das coisas. 5º § 981 b 10 Os sentidos, como a experiência, nos ajudam para o particular, no entanto, não nos dizem as causas das coisas. 6º § 981 b 15-2 O surgimento das primeiras teorias passaram pelo utilitarismo, necessidades da vida e após para a recreação ou prazer. As ciências, então, foram depois descobertas e estas ‘não tem por objeto nem o prazer, nem a utilidade’. Exemplo dado por Aristóteles: artes matemáticas no Egito (não foram úteis para nada?) 7º § 981 25-30 Na Ética Aristóteles apontou diferenças e semelhanças entre arte e ciência (teoria e episteme), o homem entende por sabedoria a Ciência dos Primeiros Princípios: a Filosofia ou Arte. Capítulo 2 8º § 982 a 5-15 ‘Ao sábio não convém subordinar-se’. Buscamos o conhecimento filosófico, então, de que espécie são as causas e princípios desse conhecimento? Várias são as opiniões sobre o homem sábio, mas entre todas as ciências aquela que tem amor ao conhecimento está mais próxima da sabedoria do que outras que visam resultados práticos. 9º § 982 a b ‘E essas coisas, as universais, são em suma as mais difíceis de conhecer, por mais longe se encontrarem dos sentidos’. A característica de conhecer todas as coisas deve pertencer àquele que no mais alto grau possui o conhecimento universal. Aristóteles pressupõe que quem possui este conhecimento conheça todos os casos particulares. Depois Aristóteles faz uma relação entre as ciências quanto ao seu grau de exatidão, vinculado aos princípios (quanto menor o número de princípios mais exata). O conhecimento encontra-se no que é cognoscível, autêntico, isto é, nas causas por meio das quais se pode conhecer todas as outras coisas. ( a Filosofia é, para Aristóteles, ciência das causas?) 10º § 982 b 15-25 ‘Foi pela admiração que os homens começaram a filosofar tanto no princípio como agora’ como filosofavam para fugir à insipiência, o fizeram por meio da única ciência livre, pois só a Ciência Primeira tem em si mesma o seu próprio fim. 11º § 982 b 30 e 983 a 5-10 ‘Só Deus pode ter semelhante privilégio’ (Simônides) . Tal ciência estaria alem da força do homem, sendo a mais divina e também a mais nobre, conviria a Deus possuí-la, pois dizemos que Deus é um dos primeiros princípios e uma das primeiras causas. O conhecimento verdadeiro estaria além da capacidade do homem para alcançá-lo. (Deus como Primeiro Motor) ( A tal ciência não é a Filosofia?, então, o conhecimento é platônico para Aristóteles, só que com outras palavras?) 12º § 983 15-20 ‘Nada causaria maior surpresa a um geômetra do que ver a diagonal tornar-se comensurável’. O fato de não nos ser concedido atingir inúmeras coisas ( a primeira delas seria o Primeiro Motor) parece ao homem maravilhoso que assim seja, que Deus não possa ser comensurável. Aristóteles termina o capítulo 2 dizendo que a natureza da Ciência que buscamos fica, assim, definida. Capítulo 3 13º § 982 b25-30 e 983 b 5 ‘(...) Só dizemos conhecer uma coisa quando conhecemos a sua primeira causa.’ Aristóteles relembra aqui as quatro causas, já trabalhadas na obra ‘Física’: causa material, causa forma, causa eficiente, causa final, onde estaria o bem como finalidade de toda a mudança. Introduz neste parágrafo que recorrerá aos pré-socráticos, os quais ‘investigaram o ser e filosofaram a respeito da realidade’, pois também eles falaram de certos princípios e causas. Nos parágrafos que se seguem Aristóteles analisa e critica os filósofos da natureza, tentando descobrir em suas teorias alguma ‘espécie de causa’. Na verdade ele está buscando é uma ordem do mundo através do conceito de causa. 14º § 983 b 10-15 ‘Dos primeiros filósofos, a maioria considerou os princípios de natureza material como sendo os únicos princípios de tudo que existe. Aquilo de que são constituídas todas as coisas, o primeiro elemento de que nascem e o último em que se resolvem.’ ( princípio e causa significam a mesma coisa?, já que ambos querem explicar o ponto de partida de qualquer coisa que seja?, qual a diferença?) 15º § 983 b 20-25 Os pré-socráticos desenvolveram teorias diferentes no que se refere à natureza desses princípios e causas. ‘Tales, o fundador deste tipo de Filosofia, diz que o princípio de tudo é a água’. 16º § 983 b 30 984 a Há uma hipótese da influência dos Antigos sobre o princípio de Tales, pois tal concepção da natureza (água) já era encontrada nos Antigos como referindo-se aos deuses, os quais tomavam a água por testemunha de seus juramentos. Para Aristóteles, o filósofo Hípon tem um pensamento insignificante. 17º § 984 a 5-10 Para Anaxímenes e Diógenes o princípio era o ar, para Hípaso de Metaponto e Heráclito de Éfeso, o fogo, para Empédocles eram os quatro elementos: água, terra, ar e fogo. ( o I Ching é anterior aos pré-socráticos?, eles tiveram acesso a esta filosofia?, pois se o I Ching é anterior eles não foram os primeiros a falar nos quatro elementos, ou foram?) 18º § 984 a 15 Anaxágoras de Clazomenas, para este filósofo os princípios eram em número infinito por agregação e dissociação das próprias coisas. 19º § 984 a 20-30 e 984 b 5 Aristóteles afirma que a causa primeira para estes pensadores é unicamente material. Porém, a simples matéria não pode ser causa, por exemplo, da estátua, ‘o próprio substrato não é a causa de sua mudança’. Buscar esta ‘outra coisa’ responsável pela mudança é buscar sua segunda causa. Ele coloca aqui uma nova questão para o avanço do conhecimento: qual o início do movimento?. No entanto, procurar as outras causas propostas por Aristóteles não foi preocupação dos pré-socráticos, Aristóteles é que tenta interpretá-los dessa forma. Na verdade o que Aristóteles faz é substituir a palavra ‘princípio’ dos pré-socráticos por causas? 20º § 984 b 10-20 A causa material não foi suficiente para explicar a origem das coisas e o seu movimento, também se poderia atribuir a isto o acaso ou a espontaneidade. Surgiu, então, um filósofo dizendo que a razão estava presente como causa da ordem do mundo, afirmou também ‘a existência de um princípio das coisas que é ao mesmo tempo a causa da beleza e aquela espécie de causa de onde se origina o movimento.’ Está falando, provavelmente, de Platão. Capítulo 4 21º § 984 b25 Hesíodo foi o primeiro a buscar um princípio colocando o Amor como princípio de ordenação do universo. 985 a 5 Também, nesse parágrafo, Aristóteles fala a respeito de Empédocles, tendo sido ele o primeiro a mencionar o bem e o mal como princípios. Pode-se dizer que o bem tem um sentido ontológico, está no próprio ser. 22º § 985 a 10-25 Alguns filósofos, portanto, conceberam duas causas: material (aquilo da qual a coisa é constituída, seu elemento natural ou substrato) e eficiente (origem do movimento), entre eles: Parmênides e Empédocles. Parmênides foi o primeiro a pensar na questão ontológica. Aristóteles apesar de aceitar Parmênides e Empédocles parcialmente, critica a falta de uma filosofia sistêmica, a obscuridade e a forma extremamente vaga com que estes filósofos expuseram suas teorias. 23º § 985 b Com Empédocles se estabelece, portanto, uma segunda causa: a eficiente, responsável pela origem da mudança. 24º § 985 b 5-15 Leucipo e Demócrito afirmam que os elementos são o cheio (ser) e o vazio (não-ser), e que o ser não é mais do que o não-ser. Princípios com causas materiais. As diferenças nos elementos originariam a forma (ritmo), a ordem (contato mútuo) e a posição (o girar sobre si). O problema do movimento também é deixado de lado. 25º § 985 b 20 As investigações dos primeiros filósofos fez com que Aristóteles concluísse que eles chegaram apenas às duas causas mencionadas acima no parágrafo 22. Capítulo 5 26º § 985 b 25-30 e 986 a 5-10 Os Pitagóricos colocaram os números como princípios de todas as coisas, no entanto, aliaram muita mitologia no uso e na explicação desses elementos unindo-os a tudo que existe no universo. 27º § 986 a 15-20 Estes filósofos consideraram o número como princípio na matéria das coisas (causa material) e na origem de suas modificações e estados permanentes (causa eficiente). (mais adiante Aristóteles critica a falta de movimento nos Pitagóricos, talvez eu não tenha interpretado corretamente este parágrafo?). Os elementos do número são o par (limitado) e o ímpar (ilimitado) e a unidade procederia de ambos. 28º § 986 a Outros Pitagóricos estabeleceram a existência de dez princípios opostos como, por exemplo, bom e mau, repouso e movimento. 29º § 986 a 30 Alcméon de Crotona tem em comum com os Pitagóricos a teoria dos opostos, diz ele que a maioria das coisas humanas andam aos pares, a diferença é que Alcméon não define quais e quantos são os opostos como fizeram os Pitagóricos. 30º § 986 b 5 De ambos, pode-se concluir que os contrários são os princípios das coisas, porém, não falaram nas causas, quanto muito pode-se falar em causa material já que para a maioria dos pré-socráticos o princípio é uma causa material. 31º § 986 b 10-30 O exame da teoria desses pensadores não cabe na investigação das causas, isto é, os princípios estabelecidos por estes filósofos não são suficientes para se buscar as suas causas, já que a única que parece existir é a material. Coloca Xenófanes e Melisso de lado e aceita o pensamento de Parmênides que pensou o ser com mais profundidade ao afirmar que além do existente, nada de não existente existe. 32º § 987 a 5 Neste parágrafo parece haver um resumo do que Aristóteles disse até agora. De uma lado os filósofos que colocaram o primeiro princípio como causa material, alguns admitem um único princípio e outros mais de um; e, do outro lado, aqueles que admitem ao mesmo tempo a causa material e a origem do movimento, alguns as apresentam como única e outros como dúplice. 33º § 987 a 10-25 Aqui há uma critica a obscuridade dos assuntos tratados por estes pensadores e, em especial, à superficialidade e excessiva simplicidade dos Pitagóricos. 34º § 987 a Finaliza este capítulo com um parágrafo de duas frases que têm uma tendência reducionista de Aristóteles em relação ao pensamento dos pré-socráticos: ‘Eis aí o que podemos aprender dos mais antigos filósofos e dos seus sucessores.’ Capítulo 6 35º § 987 a 30 e 987 b 5-10 Aqui inicia a interpretação de Aristóteles à Filosofia de Platão, a qual tem características diferenciadas da Escola Itálica. Platão foi influenciado por Crátilo, Heráclito e Sócrates, este último ocupou-se com questões universais sobre ética e, pela primeira vez, aplicou o pensamento às definições. Platão aceitou a doutrina de Sócrates, no entanto, o problema do conhecimento não estava nas coisas sensíveis, já que estando em permanente fluxo de mudança não poderiam nunca serem conhecidas e sim, na espécie, isto é, nas Formas ou Idéias de onde as coisas sensíveis teriam sua origem e através da qual seriam apenas simulacros. A idéia ou essência das coisas, participando no mundo sensível daria origem a multiplicidade das próprias coisas através da participação da idéia. (o que exatamente deu origem à multiplicidade das coisas na realidade sensível ?,) Para os Pitagóricos as coisas existem por imitação dos números, para Platão, por participação, o que é criticado, também, por Aristóteles. 36º § 987 b 15 Platão admite, também, os objetos da Matemática ou ‘seres matemáticos’, que ocupariam uma posição intermediária: diferindo do sensível por serem imutáveis e eternos e das formas por serem múltiplos e semelhantes. A Forma é única em si mesma, já que é a essência de onde partem todos os simulacros. 37º § 987 b 20 Idéias são as causas das coisas para Platão. A matéria: princípio, o grande e o pequeno; a realidade essencial: o UM (seria Deus para Platão?) ( o que é o grande e o pequeno para Platão?) 38º § 987 b 25-30 e 988 a 5 Um: substância e não predicado de outra coisa; os números são causas de tudo que existe ( no mundo inteligível também?) Admitiu a díade. (Não compreendo o Um e os números para Platão e nem a critica que Aristóteles fez) 39º § 988 a 10-15 Platão usou duas das quatro causas: a causa material e a causa forma (idéia da coisa). Atribui a causa do bem e do mal em elementos diferentes (quais?) Capítulo 7 40º § 988 a 20 Aristóteles diz aqui que, após o estudo de todos estes pensadores, é certo que os mesmos falaram no primeiro princípio cada um a seu modo, mas nenhum deles pensou nas quatro causas. (Como poderiam ter pensado se foi Aristóteles quem inventou isso?, não seria a mesma coisa que Freud virar para trás e analisar todos os escritos da Psiquiatria, linha por linha, e dizer que ninguém antes havia escrito sobre o Complexo de Édipo?, se foi ele próprio quem o introduziu na Psicanálise?, ou Kant, ou qualquer outro filósofo, afirmar que não há nos filósofos anteriores nenhum traço escrito e pensado de seu próprio pensamento, não é injusto?) 41º § 988 a 30 Alguns pensadores mencionaram a origem do movimento, ou seja, a causa eficiente que é a origem da mudança, entre eles Empédocles e Parmênides. 42º § 988 a 35 e 988 b 5 Nenhum deles expressou com clareza a realidade substancial. Platão, contudo, sugere as Formas como a essência de tudo e o Um como essência da Forma, mas as Formas não são a matéria do sensível e o Um não é a matéria das Formas. 43º § 988 b 10-15 Não falaram nas substâncias enquanto causa final ou eficiente. Aristóteles fala aqui na causa bem. 44º § 988 b 15 Quando buscamos as causas de alguma coisa todas elas precisam ser pesquisadas. 45º § 988 b 20 Examinaremos agora as dificuldades das doutrinas destes filósofos em relação aos primeiros princípios. Capítulo 8 46º § 988 b 25-35 e 989 a 5-15 ‘Ao darem uma explicação física de todas as coisas, suprimem a causa do movimento.’ Também Aristóteles fala sobre uma hierarquia quanto aos quatro elementos: água, terra, fogo e ar. (Aliás hierarquizar tudo no mundo sensível parece ter sido a preocupação constante de Aristóteles; a fragmentação que vivemos hoje na Pós-Modernidade iniciou com Aristóteles e a mania de hierarquizar, fragmentar, recortar a realidade?) 47º § 989 a 20-25 Retorna a falar em Empédocles. Matéria das coisas: quatro corpos gerados uns dos outros o que indica que nenhum deles permanece sempre o mesmo. Quanto a causa do movimento Empédocles não se exprimiu com clareza. 48º § 989 b Retorna a falar em Anaxágoras, supondo que ele afirmou a existência de dois elementos, apesar disso, critica a idéia de que todas as coisas se encontravam misturadas no seu início, por que infere que em algum ponto anterior a essa mistura deveriam ter existido em forma pura. Aristóteles pensa no que deveria ser anterior a teoria de Anaxágoras. 49º § 989 b25 ‘(...) estes pensadores só se sentem à vontade entre os argumentos relativos à geração, à destruição e ao movimento’, só buscam o princípio e as causas nessas substâncias. 50º § 989 b 30 e 990 a 5 Retorna aos Pitagóricos, os quais buscavam os princípios entre as coisas não-sensíveis (números não possuem movimento), tentaram explicar a Natureza (que possui movimento) através dos objetos matemáticos (destituídos de movimento). 51º § 990 15 ‘A julgar pelo que eles (os Pitagóricos) pressupõem e sustentam, não se referem aos corpos sensíveis e muito menos aos matemáticos, ‘nem aos elementos da natureza’. Aristóteles supõe que a teoria se aplicasse somente às coisas perceptíveis. (O que isso significa?) 52º § 990 a 20-30 Como crer que o número é a causa de tudo que existe? Atribuem um número para injustiça, decisão, opinião, etc. Pergunta Aristóteles: será o número de que se pretende ser constituída cada uma dessas abstrações o mesmo número que se encontra no universo material ou algo diferente? Aristóteles parece ironizar o fato dos Pitagóricos não terem pensado sobre questões simples a respeito de suas próprias teorias. Capítulo 9 53º § 990 B 5 Retorna a falar sobre Platão, criticando-o pela multiplicidade que acabou dando para as causas com a teoria platônica. Aristóteles diz sobre isso: Platão afirma que ‘a cada coisa corresponde uma entidade que tem o mesmo nome e existe à parte das substâncias’. ( a unidade das coisas sensíveis, que são múltiplas, é a substância ou essência do Mundo Inteligível, mas o que é exatamente a unidade para Platão já que as coisas são feitas de vários outros elementos?, isto é, cada coisa é uma unidade, mas dentro de cada unidade existem outros elementos que constituem essa coisa, então a unidade refere-se simplesmente a cada coisa em si mesma?, leva em consideração que cada unidade é feita de outras unidades?, e a multiplicidade se aplicaria ao fato de existirem muitas coisas semelhantes como, por exemplo, várias cadeiras, ou a multiplicidades refere-se aos elementos que constituem a cadeira?) 54º § 990 b 10-20 Critica também o fato de que pela teoria platônica surgem idéias até para coisas que julgamos não haverem idéias, isto é, formas para a negação que há em todas as coisas. (Formas para o não-ser?, ou o não-amarelo é considerado por Aristóteles ou Platão como ‘ser’?) 55º § 990 b 20 ‘Os argumentos em favor das formas destróem as coisas cuja existência nos importa mais do que a existência das Idéias. Critica Platão por colocar o verdadeiro valor num mundo distinto daquele que efetivamente vivemos, isto é, no mundo das essências ou inteligível ou das idéias/formas e, por isso, colocar a realidade como algo destituído do verdadeiro conhecimento. (neste parágrafo há uma definição de crítica interna (hermenêutica) mostrando que os argumentos não podem ter contradição, isto é, ‘uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto’) isto não faz com que isolemos a coisa a tal ponto de ficar quase impossível não defini-la como sendo ou não sendo algo? 56º § 990 b 25-30 e 991 a 5 Haverá idéias não só sobre as substâncias, mas também de muitas outras coisas. ‘As formas serão substâncias, mas o mesmo termo designa substância neste mundo e no mundo ideal.’ E, se as idéias e os particulares que delas participam têm a mesma forma, deve haver alguma coisa comum a ambos ( não é a própria essência da coisa que é comum aos dois mundos havendo uma diferenciação apenas quanto a sua participação em menor ou menor grau no mundo sensível?; ou os particulares de cada coisa sairiam de outras essências?, de outras participações?, uma mesma coisa têm várias participações das formas do mundo das idéias ou uma única participação? Então de onde se originam os particulares?) Help 57º § 991 a 10-15 Para que servem as idéias já que não são causas de qualquer mudança que seja? Também as idéias não são a substância das coisas, a essência não existe em totalidade em cada coisa do mundo sensível, se fosse o contrário, poderiam as idéias serem consideradas como causas. (se a substância não é a essência da coisa, então, o que é a substância para Platão além de representar um simulacro com a participação da essência?) 58º § 991 a 20-30 ‘As outras coisas não podem derivar das Idéias’. Aristóteles critica o fato de que o gênero, a espécie e tudo o mais que faz parte de alguma coisa, não pode partir de uma única forma. (Cada cadeira, por exemplo, terá coisas ou qualidades que a diferencia de outras cadeiras e que, portanto, não poderia existir uma única essência ou idéia de cadeira, já que seus simulacros terão aspectos diversos? então estes aspectos terão suas origens em outras formas?; existe então uma diversidade de formas em cada simulacro do mundo sensível? nem todas as coisas têm a mesma participação das formas não só quanto ao grau mas também quanto ‘ao que’ está presente em cada coisa?) 59º § 991 b 5 ‘(...) parece impossível que a substância e aquilo de que é substância existam separadamente, como então, poderiam as Idéias, sendo substâncias das coisas, ter existência à parte?’ Critica o fato de Platão ter separado a forma da matéria em dois mundos distintos: o sensível e o inteligível. 60º § 991 b 10-20 ‘Se as formas são números como podem ser causas?’ Aristóteles questiona aqui a idéia de idéia-matemática de Platão. ‘Se as coisas deste mundo sensível são razões numéricas, significa que nada que existe nele é realmente um número, senão que uma derivação deste?’ 61º § 991 b 25 ‘Como pode uma Forma gerar-se de muitas formas?’ 62º § 991 b 30 Por que a idéia-matemática de Platão é intermediária? Como ela existe e de que princípio procede? Porque os números devem ser intermediários entre as coisas sensíveis e a essência? 63º § 991 b 30 ‘Unidades contidas na díade devem provir de uma díade anterior, o que é impossível.’ 64º § 992 a ‘Por que é uno um número quando tomado no seu todo?’ 65º § 992 a 5 ‘(...) Se existe o ‘Um-em-si’ e esse é um primeiro princípio, a palavra ‘um’ está sendo usada em mais de um sentido; de outra forma,, a teoria é impossível.’ 66º § 992 a 10-20 Aristóteles parece falar sobre classes, gêneros, espécies das coisas como independentes entre si? 67º § 992 a 25 Para ele ‘participar’ nada significa. 68º § 992 a 30 Critica a teoria de que as idéias seriam causas de todas as coisas como propôs Platão. ( por que então as causas seriam determinadas pelo mundo das idéias e o sensível estaria, assim, pré-determinado a seguir causas imutáveis e inatingíveis?) 69º § 992 b 5 Quanto ao movimento: ‘se os ‘predicados’ são movimento, evidentemente as Formas se moverão, mas se não são movimento, de onde proveio este? (O movimento aqui é visto como o devir, a mudança no mundo sensível? A participação da Forma do Mundo Inteligível nas coisas do mundo sensível poderiam mudar? A participação tem o seu devir? Se tem de onde parte? Da essência das Idéias? Então as Idéias também mudam?) 70º § 992 b 10 ‘Existe um ‘Um-em-si’ (afinal o que este Um com letra maiúscula para Platão e Aristóteles?) 71º § 992 b 15 Linha, Plano, Sólido, não podem ser formas, portanto, não se pode explicá-los. ( por que não podem ser Formas/Idéias se tudo que existe deve ter sua Forma?) 72º § 992 b 20 Impossível julgar que tenhamos encontrado os elementos de todas as coisas existentes. 73º § 992 b 25-30 e 993 a ‘Como poderíamos apreender os elementos de todas as coisas?’ Todo aprendizado se baseia em premissas, conhecidas com antecedência. ‘Mas, por outro lado, se esta ciência fosse realmente inata, seria pasmoso que possuíssemos a mais lata das ciências sem nos apercebermos disso.’ 74º § 993 a 5 Aristóteles diz ser impossível ‘reconhecer e provar os elementos de que uma coisa consiste’, pois não há um consenso a respeito daquelas que pertencem ao mundo sensível, nem mesmo em relação à linguagem. 75º § 993 a 10 ‘Como podaríamos conhecer os objetos das percepções sensoriais sem o possuir o sentido adequado?’ ( o que ele quis dizer com isso?) 76º § 993 a 15-20 Aristóteles conclui afirmando que os pensadores buscaram as causas somente nos elementos físicos do mundo sensível e que ‘a mais antiga filosofia é balbuciante em todos os assuntos, por ser jovem e estar em seu começo.’ 77º § 993 a 25 “Mas voltemos à enumeração das dificuldades que podem surgir a cerca dos mesmos pontos’, provavelmente tratados no próximo capítulo da Metafísica. Fim do Livro Alfa O Livro Alfa da Metafísica é escrito de uma forma a não seguir uma seqüência lógica dos assuntos tratados, pois Aristóteles escreve sobre determinado pré-socrático e depois mais a frente retorna a falar sobre eles, parece dizer, às vezes, a mesma coisa de uma maneira diferente. Existe um a razão para que ele tenha, digamos assim, um pensamento que vai e vem sem obedecer um fluxo de narrativa mais claro?