Ana & o Dr. Finkelstein
Ana e o Dr. Finkelstein
by Lúcio Packter_ Filósofo Clínico_
Passagem da Obra:
Ana: - Por que o senhor não me pergunta o que todos me perguntam? Não simplifica as coisas? Afinal, pensou Ana, pobre do velho ter de passear por lagos e jardins para ganhar a vida; quanto cansaço. Uma rajada de vento e ele acabaria tuberculoso. Bastava perguntar porque tentou se suicidar, dar a ela uns remédios, ela já se daria por feliz e... bem, em seguida Ana se arrependeria de tudo. Dr. Finkelstein: - Certo, vou perguntar – disse ele e prosseguiu - Tem algo no fundo das pessoas que não conseguimos ver também e que nos angustia, como o lago, sabe, Ana? Desta vez Ana riu. Riu sacudindo todo o corpo, com muita naturalidade. O velho sorriu, um jovem que passava de bicicleta, achando a cena encantadora, sorriu também. Todos sorriam e então Ana chorou. No diário ela escreveria depois que foi a terceira vez em que chorou na vida. A diferença é que nas duas primeiras ela sabia porque estava chorando e agora não tinha qualquer idéia. “Na verdade”, no início não se deu conta que chorava; isso aconteceu quando olhou para o rosto do Dr. Finkelstein. Foi no rosto dele que ela compreendeu que chorava."
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